Fado com Outro Acento


  1. A Menina das calças pardas
  2. A Rua Mais Lisboeta
  3. Alecrim
  4. Que fazes aí Lisboa
  5. Com que Voz
  6. Ai Maria
  7. Ai esta Pena de Mim
  8. Cantame um fado Minhoto
  9. Teus Olhos São Duas Fontes
  10. Abandono
  11. Foi Deus
  12. A janela do Meu Peito
  13. María la Portuguesa (Versão Português)

Foi um feliz acaso que me fez conhecer Maria do Ceo. Numa viagem entre Lisboa e Genebra ( Suiça ), já em pleno voo, encontrei o guitarrista José Luís Nobre Costa que me disse que uma Senhora galaico-portuguesa chamada Maria do Ceo tinha gravado uma canção com música da minha autoria intitulada “ Hortelã Mourisca”.

Pude constatar, após a audição do CD “Al Rescate del Alma”, que incluía esta canção, que estava perante uma intérprete de grande qualidade, dotada de um timbre lindíssimo. “Hortelã Mourisca”, interpretada por Maria do Ceo, é, sem sombra de dúvida, a mais conseguida de entre as muitas já editadas, só sendo ultrapassada pela versão genial de Amália. Começou depois um relacionamento com Maria do Ceo que levou a uma grande amizade e a uma colaboração artística muito frutuosa.

A “Hortelã Mourisca” seguiu-se a gravação de “Verde Galicia”, incluída no CD intitulado “Fado e outras Músicas”, com uma qualidade interpretativa invulgar.

“Duas Almas do Minho”, com letras de Moncho Borrajo e músicas de que eu mesmo sou o autor, é um trabalho histórico porque se trata do primeiro CD de fado totalmente cantado em galego.  Ele é também um marco na carreira de Maria do Ceo não só pela sua qualidade interpretativa genial mas também pela qualidade dos músicos  e o cuidadoso trabalho de estúdio.

“Valdamor”, “ Paxoliñas – Vilancicos” e “Tan Lonxe” revelam que Maria do Ceo mantém a exigência de qualidade e que a sua capacidade interpretativa é notável nos mais diversos estilos.

Pensava que Maria do Ceo tinha atingido o auge da sua carreira de intérprete e eis que surge um novo trabalho intitulado simplesmente “Fado”. Trata-se na verdade de fado ao mais alto nível. A sua voz de timbre singular atinge aqui um equilíbrio, uma suavidade e uma maturidade raros no espaço galaico – português.

Mesmo nos fados mais tristes, embora cante em português, a sua voz conserva a doçura dos versos de Rosalia e que só a língua galega sabe transmitir.

Arlindo de Carvalho